Muda-se ainda criança para o Rio de Janeiro onde, em 1917, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Viaja para França em 1920 e freqüenta a Académie Julian. De volta ao Rio de Janeiro, no ano seguinte, trabalha como desenhista na seção de Arquitetura e Topografia da Diretoria do Patrimônio Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Lá conhece o poeta Murilo Mendes (1901 - 1975), que se torna grande amigo e incentivador de sua obra. Em 1922 casa-se com a poeta Adalgisa Nery (1905 - 1980). Ismael Nery aplica à sua produção os princípios do Essencialismo, sistema filosófico que ele mesmo cria. Segundo Murilo Mendes, esse sistema diz respeito às concepções do artista sobre a abstração do tempo e do espaço. Em 1927, novamente na França, conhece Marc Chagall (1887 - 1985), André Breton (1896 - 1966) e Marcel Noll. A volta ao Brasil marca a fase surrealista de sua obra, a princípio por influência de Chagall. Em 1930, contrai tuberculose. Enfermo, seus trabalhos passam a revelar seu drama pessoal e a fragilidade do corpo. Falece aos 33 anos. Em 1948, uma série de artigos de Murilo Mendes publicados nos jornaisO Estado de S. Paulo e Letras e Artes busca resgatar a obra plástica, literária e filosófica do artista. Esquecido, Ismael Nery, passa a ser valorizado em meados dos anos 1960 com exposições realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Realizou apenas três exposições individuais (sempre se considerou mais poeta e escritor do que pintor): 1929 - Palace Théatre, Belém; Galeria do Palace Hotel, Rio de Janeiro. 1930 - Studio Nicolas, Rio de Janeiro.
Participou de apenas quatro mostras coletivas, relacionadas abaixo: 1930 – The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, Nicholas Roerich Museum, Nova York. 1931 – Salão Revolucionário, Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. 1933 – 3ª Salão da Pró-Arte, Rio de Janeiro; 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, Palacete Campinas, São Paulo.
Postumamente, seus trabalhos integraram diversas exposições coletivas e sobretudo individuais. Além das já mencionadas, merecem destaque as seguintes: 1965 – Bienal de São Paulo, São Paulo (sala especial dedicada ao surrealismo e à arte fantástica). 1967 – Mostra JB/Resumo, Rio de Janeiro; Bienal de São Paulo, São Paulo. 1974 – Museu de Arte de São Paulo, São Paulo. 1979 – Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo. 1984 – Museu de Arte Contemporânea, Universidade de São Paulo, São Paulo; Kraft Escritório de Arte, Porto Alegre, RS. 1985 – Rio Vertente Surrealista, Galeria Banerj, Rio de Janeiro. 1996 – Casa das Artes, São Paulo. 2000 – Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro.
Ismael Nery - Figura feminina - Série Negra - Técnica Mista - Guache e Nanquim - 22 x 15 - Década de 1920 - Coleção da família Mário Silésio. Esta rara obra foi presenteada por Ismael Nery ao seu grande amigo Guignard, que retorrnara da Europa. Na década de 1940, Guignard presenteou com esta obra seu maior amigo: o pintor mineiro Mário Silésio, que agradecido, recebeu o raro presente, mas fez questão de pagar o valor de mercado, ao seu então mestre, Guignard.
Ismael Nery
Figura de mulher, 1929
Óleo sobre cartão
Assinada canto superior direito
38 x 46 cm.
Reproduzido no livro "Ismael Nery", de Antônio Bento, na pág. 147.
Ismael Nery
3 mulheres, Déc. 1920
Guache sobre papel
Assinado canto inferior direito
22 x 14 cm.