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Cícero Dias obras - Guia das Artes
Cícero Dias
Informações
Nome:
Cícero Dias
Nasceu:
Escada PE (05/03/1907)
Faleceu:
Paris - Franca (28/01/2003)
Biografia

   Cicero dos Santos Dias (Escada PE 1907 - Paris França 2003). Pintor, gravador, desenhista, ilustrador, cenógrafo e professor. Inicia estudos de desenho em sua terra natal. Em 1920, muda-se para o Rio de Janeiro, onde matricula-se, em 1925, nos cursos de arquitetura e pintura da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, mas não os conclui. Entra em contato com o grupo modernista e, em 1929, colabora com a Revista de Antropofagia. Em 1931, no Salão Revolucionário, na Enba, expõe o polêmico painel, tanto por sua dimensão quanto pela temática, Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife. A partir de 1932, no Recife, leciona desenho em seu ateliê. Ilustra, em 1933, Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre (1900- 1987).
   Em 1937, é preso no Recife quando da decretação do Estado Novo. A seguir, incentivado por Di Cavalcanti, viaja para Paris onde conhece Georges Braque, Henri Matisse, Fernand Léger e Pablo Picasso, de quem se torna amigo. Em 1942, é preso pelos nazistas e enviado a Baden-Baden, na Alemanha. Entre 1943 e 1945, vive em Lisboa como Adido Cultural da Embaixada do Brasil. Retorna a Paris onde integra o grupo abstrato Espace. Em 1948, realiza o mural do edifício da Secretaria das Finanças do Estado de Pernambuco, considerado o primeiro trabalho abstrato do gênero na América Latina. Em 1965, é homenageado com sala especial na Bienal Internacional de São Paulo. Inaugura, em 1991, painel de 20 metros na Estação Brigadeiro do Metrô de São Paulo. No Rio de Janeiro, é inaugurada a Sala Cicero Dias no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA. Recebe do governo francês a Ordem Nacional do Mérito da França, em 1998, aos 91 anos.

   Comentário crítico Cicero Dias inicia a carreira artistica na década de 1920, quando estão sendo introduzidas as tendências de vanguarda no Brasil. Liga-se aos intelectuais do movimento regionalista de 1926, que ocorre no Recife, em resposta à Semana de Arte Moderna de 22. No começo, ele produz principalmente aquarelas, nas quais representa um universo de sonhos, inquietante. Os personagens, em escala diferente das paisagens, e também os objetos apresentam muita leveza, freqüentemente flutuam, como, por exemplo, em O Sono, 1928, O Sonho da Prostituta, 1930 e Mulher Nadando, 1930. São imagens que evocam o mundo do inconsciente, nas quais o erotismo é freqüente. Estas são representadas com grande delicadeza no desenho e em uma gama cromática muito rica. Na opinião do crítico Antonio Bento, sua obra relaciona-se ao surrealismo e também a um imaginário fantástico nordestino, em que mitos e fábulas estão presentes nas manifestações artísticas e na literatura de cordel.

   O grande painel Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recifeé exposto em 1931, no Salão Revolucionário, do qual participam artistas de vanguarda. A obra apresenta uma série de pequenas cenas, nas quais retoma o universo presente nas aquarelas. O painel causa impacto pelo porte e pela concepção, impregnada de forças misteriosas do inconsciente e é a obra mais destacada do artista, antes de sua viagem para a França. Cicero Dias viaja para Paris em 1937, obtendo um cargo no Escritório Comercial, junto a Embaixada do Brasil. Na cidade, aproxima-se de Di Cavalcanti, trava contato com o pintores franceses Georges Braque, Fernand Léger e Henri Matisse, e torna-se amigo do pintor espanhol Pablo Picasso. O tema e a técnica de seus quadros continuam ligados a Pernambuco, o artista mantém a luz e a cor de suas paisagens, como em Mulher na Janela, 1939.

   Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), embora não estivesse mais trabalhando na Embaixada do Brasil, Cicero Dias integra o grupo de brasileiros que são presos e confinados na cidade de Baden-Baden, na Alemanha e seriam trocados por prisioneiros alemães. Entre os companheiros do pintor está o escritor Guimarães Rosa. Após negociações entre os dois países, o grupo de diplomatas e funcionários do governo brasileiro é libertado, seis meses depois, em Portugal, em 1942. Dias volta para a França, clandestinamente, vivendo por algum tempo num pequeno quarto de hotel, na cidade de Vichy. Mantém correspondência com amigos, entre eles Picasso e o poeta surrealista Paul Éluard. Com Éluard, vive um dos episódios mais comentados de sua biografia: quando retorna da França para Portugal, acompanhado de sua noiva, traz consigo o poema Liberté, de Paul Éluard. O poema, exaltando a liberdade, é enviado por Cicero para Londres, onde é impresso e espalhado por toda a França ocupada, em vôos da Força Aérea Inglesa.

   Em Portugal, a partir de 1943, inicia uma pesquisa comparativa entre a cultura portuguesa e a brasileira, estuda arte popular, arquitetura, escultura e pintura. Nessa época pinta quadros que têm por motivos elementos vegetais, como Galo ou Abacaxi, 1940 ouMamoeiro Dançarino, déc.1940 em que parte do gênero da natureza-morta, trabalhando com o ilusionismo, de forma irônica. Outras obras revelam o impacto causado pelo quadro Guernica, de Picasso: Mulher Sentada com Espelho, 1940 ou Duas Figuras, 1944.

   Na década de 1940, produz obras que apresentam um diálogo entre o figurativo e a abstração. Apesar do geometrismo, aparecem a vegetação, o canavial e o mar, como em Mormaço, 1941 ou Praia, 1944. Retorna à França em 1945 e integra o grupo abstrato Espace, da Escola de Paris, até 1950. Pinta, em 1948, os primeiros murais abstratos da América Latina, para o Conselho Econômico do Estado de Pernambuco, atual Secretaria da Fazenda, no Recife. Neles, aproveita, como sempre, elementos da paisagem do Nordeste: canavial, jangadas, o vermelho dos telhados, mas submetendo-os a um processo do qual resultam formas simples e ricas de sugestões poéticas.

Após 1950, predominam os quadros abstratos, em que se destacam as formas fechadas, retangulares ou tendendo à circularidade, e a preocupação com a luz e as cores claras, em uma gama cromática evocativa da natureza nordestina, como em Composição II, 1951. Para o crítico Mário Carelli, o artista, na abstração, parte de um "caminho vegetal", em que as formas geométricas refletem uma cristalização perfeita, baseada em estruturas vegetais, como em Meridianos, 1953 ouRelações Incertas, 1953. Paralelamente aos quadros abstratos, realiza outros, de caráter lírico. Estes apresentam, em sua maioria, figuras na paisagem, com rostos sutilmente iluminados, realizados com cores suaves e uso especial do branco, de que são exemplosCasal e Cena de Olinda, ambos de 1950.

   Volta com maior intensidade à pintura figurativa na década de 1960. Permanecem em seus quadros o clima de sonho e os elementos recorrentes: mulheres, casarios, folhagens, sendo constante a presença do mar. Usa freqüentemente os rosas e azuis. Em relação à fase figurativa do início da carreira, podemos dizer que a gestualidade dos personagens é contida e há mais sensualidade que erotismo, como ocorre em Barqueiro,1980, Olinda e Recife ou Moça no Barco, ambos da década de 1980.

Cronologia

Exposições

Cicero Dias (1928 : Escada, PE) início: 1928 Participante Individual Cicero Dias: aquarelas (1928 : São Paulo, SP) início: 1928 Participante Individual Cicero Dias (1928 : Rio de Janeiro, RJ) início: 1928 Participante Individual Cicero Dias (1929 : Escada, PE) início: 1929 Participante Individual Peintures de Cicero Dias (1938 : Paris, França) início: 1938 Galerie Jeanne Castel (Paris, França) Participante Individual Cicero Dias (1943 : Porto, Portugal) início: 1943 Teatro Coliseu (Porto, Portugal) Participante Individual

 

Eventos

Arco (1991 : Madri, Espanha) início: 1991 Arco (2004 : Madri, Espanha) início: 12/2/2004 - término: 16/2/2004 Parque Ferial Juan Carlos I (Madri, Espanha) sp-arte (6. : 2010 : São Paulo, SP) início: 29/4/2010 - término: 2/5/2010 Fundação Bienal (São Paulo, SP) sp-arte (7. : 2011 : São Paulo, SP) início: 12/5/2011 - término: 15/5/2011 Fundação Bienal (São Paulo, SP)

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16 de Abril às 20:00

Cícero Dias - Cazulina - 14-75. Litografia, 96x63 cm, 1984, A.C.I.E. a lápis. Com moldura

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22 de Abril às 19:30

Mãe e Filha – 29,5 x 23,3 cm – Guache – Ass. Canto Inferior Direito e Verso – Década de 1970


 


Esta obra encontra-se cadastrada sob código CDA2138,na pré-catalogação promovida com fins de execução do Catalogue Raisonée da obra de Cícero Dias. Foi produzida especialmente como matriz de tiragem de gravuras, impressas pelo artista Marcelo Grassmann, edição de 100 exemplares, por encomenda da Galeria Collectio, atuante em São Paulo de 1969 a 1973. Nesse período, a galeria editou gravuras de grandes nomes do modernismo brasileiro. Acompanha documento de autenticidade emitido pela Simões de Assis Galeria de Arte. 


Nascido em Escada, Pernambuco, em 1907. Em 1920, com treze anos, foi para o Rio de Janeiro. Entre os anos de 1925 e 1927, Cícero conheceu os modernistas e estudou pintura. 


Em 1927, realizou sua primeira exposição individual, no Rio de Janeiro e, em 1928, abandonou a Escola de Belas Artes, passando a dedicar-se exclusivamente à pintura.


Em 1937, executou o cenário do balé de Serge Lifar e Villa Lobos, expôs em coletiva de modernos em Nova Iorque e viajou a Paris, onde se fixou definitivamente. Em Paris, tornou-se amigo de Picasso, do poeta Paul Éluard, e entrou em contato com o surrealismo. Durante a ocupação da França foi feito prisioneiro dos alemães. 


Em 1943, participou do Salão de Arte Moderna de Lisboa, onde obteve premiação e, em 1945, voltou a Paris e ligou-se ao grupo dos abstratos. Nesse mesmo ano, expõe em Londres, na Unesco em Paris e em Amsterdam. 


O ano de 1948 marcou uma atividade mais intensa no Brasil, com Cícero interessando-se sobretudo por murais. Em 1949, compareceu à Exposição de Arte Mural, em Avinhão, na França. Em 1950 participou da Bienal de Veneza. Em 1965, a Bienal de Veneza realizou uma exposição retrospectiva de quarenta anos de pintura de Cícero Dias. Em 1970, realizou individuais no Recife, Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1981, o MAM realizou uma retrospectiva de sua obra.


Volta com maior intensidade à pintura figurativa na década de 1960, como ocorre em O Noivo. Permanecem em seus quadros o clima de sonho e os elementos recorrentes: mulheres, casarios, folhagens, sendo constante a presença do mar como ocorre no quadro A Noiva. 


Em 2000, inaugurou a Praça do Marco Zero, em Recife. O local rapidamente se tornou um símbolo da capital pernambucana por ter uma rosa dos ventos projetada por Cícero Dias e desenhada sobre o chão. No centro do desenho há o marco zero das distâncias do estado de Pernambuco. 


Em fevereiro de 2002, Cícero Dias esteve novamente na capital pernambucana para o lançamento de um livro sobre sua trajetória artística e fez uma exposição na galeria Portal, em São Paulo. 


Morreu em 28 de janeiro de 2003, em sua residência na Rue Long Champ, Paris. O Pintor morreu rodeado por sua esposa Raymonde, sua filha Sylvia e seus dois netos. Encontra-se sepultado no cemitério Montparnasse.


Em 2011 foi inaugurado em sua cidade natal, Escada, o museu Cícero Dias, que reúne obras do pintor e também de outros artistas locais, além de antiguidades como joias, moedas, cachimbos, mobília e porcelana.


Em 2014 foi aprovada na Assembleia Legislativa de Pernambuco a Lei Estadual nº 15.286/14 que denomina a Unidade de Pronto Atendimento Especialidades (UPAE) do município de Escada "UPAE Cícero Dias". A referida unidade de atendimento só foi inaugurada em agosto de 2022.


Em 2016 foi lançado o documentário "Cícero Dias: o compadre de Picasso", de Vladimir Carvalho. O longa metragem foi exibido nos festivais É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentário 2016, 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2016 (Melhor Direção e Melhor roteiro), Festival de Cinema de Petrópolis 2016 (Filme de abertura) e FESTin Lisboa 2017.


 


O Comitê Cícero Dias está preparando o Catalogue Raisonné da obra de Cícero Dias, desenho e pintura.


 


Em 2022 foi inaugurado o restaurante Cícero Bristot, em Lisboa. Fundado por um empresário pernambucano, o espaço possui obras do próprio Cícero Dias e de outros artistas do movimento Modernista.

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22 de Abril às 20:30

Cícero Dias - Gravura 155/200 - Mulher e canoa - 100 X 75 cm - Acie

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22 de Abril às 20:30

Cícero Dias - Gravura - Três figuras - 68/200 - 100 X 76 cm - Acie

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22 de Abril às 19:30

Cícero Dias - Nu Feminino com Flores – 29,5 x 23,3 cm – Guache – Ass. Verso – Década de 1970


Esta obra encontra-se cadastrada sob código CDA2137, na pré-catalogação promovida com fins de execução do Catalogue Raisonée da obra de Cícero Dias. Foi produzida especialmente como matriz de tiragem de gravuras, impressas pelo artista Marcelo Grassmann, edição de 100 exemplares, por encomenda da Galeria Collectio, atuante em São Paulo de 1969 a 1973. Nesse período, a galeria editou gravuras de grandes nomes do modernismo brasileiro. Acompanha documento de autenticidade emitido pela Simões de Assis Galeria de Arte.

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22 de Abril às 20:30

Cícero Dias - Gravura - Três figuras - 93/200 - 100 X 76 cm - Acie

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16 de Abril às 20:00

Cícero Dias - Cena surreal - 51-200. Serigrafia, 45x90 cm, sem data, A.C.I.E. a lápis. Sem moldura

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22 de Abril às 19:30

Cícero Dias - Sanfoneira e o Sonho - 63 x 45 cm – Serigrafia – Ass. Canto Inferior Esquerdo - Tiragem 8/200

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16 de Abril às 20:00

Cícero Dias - Surreal I - P.I. Serigrafia, 72x50 cm, sem data, A.C.I.E. a lápis. Sem moldura

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16 de Abril às 20:00

Cicero Dias - 1907 - 2003 - Sem título - óleo sobre tela - 80 x 65 cm - assinada canto inferior direito - -

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22 de Abril às 19:30

Cícero Dias - Lembranças – 65 x 54 cm – Óleo Sobre Tela – Ass. Canto Inferior Direito – Década de 1990 – Esta obra participou e está reproduzida no catálogo da exposição individual do artista, com sua presença. Acompanha documento de autenticidade emitido pelo Comitê Cícero Dias assinado pelo senhor Waldir Simões.

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01 de Maio às 20:30

Cícero Dias - Décadas de 20 e 30. Enfoca a produção modernista do artista, compreendida pelas décadas de 1920 e 1930. Os textos, escritos à época, são de Mário de Andrade, Gilberto Freyre, Manuel Bandeira, Murilo Mendes, João Cabral de Mello Neto, grandes expressões da cultura brasileira. Livro em capa dura, novo, ricamente ilustrado, formato 23x29cm, 299 páginas.
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16 de Abril às 20:00

Cícero Dias - Sem título - 55-150. Serigrafia, 72x50 cm, sem data, A.C.I.D. a lápis. Sem moldura

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25 de Abril às 20:00

Serigrafia 62/200, Medindo 72 X 54 cm, Assinado Canto Inferior Esquerdo.

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16 de Abril às 20:00

Cícero Dias - Amigas e homem na janela - P.A. Serigrafia, 76x56,5 cm, sem data, A.CI.E. a lápis. Sem moldura

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22 de Abril às 19:30

Cícero Dias - Família na Varanda – 70 x 58 cm – Gravura – Ass. Canto Inferior Direito – Exemplar 100/100

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01 de Maio às 20:30

Cícero Dias - Uma vida pela pintura - Livro luxuoso, que proporciona um mergulho no universo do famoso artista plástico pernambucano, fazendo uma viagem de descobrimento pela história e pela fascinante trajetória de um dos maiores pintores que o Brasil produziu. Sua rica experiência de vida se confude com os acontecimentos políticos do século XX, no Brasil exterior. Some-se a isso a convivência com as mais destacadas personalidades intelectuais e artísticas de sua época - Capa dura com sobre-capa e box, formato 32 x 27 cm, 352 páginas, bilíngue português e inglês.
Obras deste artista